sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Carta para a minha Irmã

     
Maria Inês,

És uma chata. Uma chata mesmo. És teimosa. És bastante mimada. Por vezes fico sem paciência para te aturar. Mas não consigo imaginar a minha vida sem ti. E tenho que admitir que se és chata, é porque tiveste que aprender com alguém, eu. És mesmo muito teimosa, mas já viste um teimoso a teimar sozinho? És mimada, mas isso é porque tem que haver alguém para te mimar. E podes dar-me cabo da paciência, mas também, para que é que eu precisava dela se não para te aturar a ti? Sei que não sou a melhor irmã do mundo, longe disso, mas podes ter a certeza que te adoro muito e, no que depender de mim, vou cá estar sempre para ti, mesmo quando não estiver. Sei que a diferença são 6 anos... é muito tempo, eu já estou naquela fase em que o que mais quero é sair de casa e tu naquela em que quando fores grande queres ser como a mãe... enfim, fases, garanto-te que essa também te vai passar. Embora estejamos na mesma casa, sei que não vivemos no mesmo mundo. Eu vivo no meu, coberto por uma poeira de incerteza e inseguranças, e tu vives no teu, um onde é tudo brilhante e divertido, onde o maior dos teus problemas é ver os episódios da Violetta. Sinto que não comunicamos e que a cada dia que passa nos afastamos mais. Há quanto tempo já não temos uma conversa normal? Daquelas em que me falas como vai a tua escola, com quem te chateaste esta semana e quem é o rapazinho com quem aparentemente namoras, mas que é segredo porque a mãe não quer? Tenho dificuldade em lembrar-me... talvez pelo facto de ultimamente apenas discutirmos. Admito, ando insuportável. Mas espero que nunca te esqueças de mim, aconteça o que acontecer.
Beijos,
Margarida

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